quinta-feira, 12 de julho de 2018

CALDEIRÃO GRANDE-BA: CONHECENDO O SENTIDO DA FESTA DA PADROEIRA

Igreja de N. S. do Perpétuo Socorro - Caldeirão Grande-Bahia 
O padroeiro de um continente, país, estado, cidade, paróquia, comunidade ou capela é os anto, ou anjo, escolhido como seu protetor ou intercessor junto de Deus.

A festa do padroeiro deve ser uma grande oportunidade de amadurecimento na fé, um retiro espiritual.

A festa do padroeiro apresenta duas realidades que se completam: a dimensão espiritual e a dimensão social.

• A dimensão espiritual: Missas, Novena, devoções ao padroeiro, procissão;
• A dimensão social: Barraquinhas, leilões, apresentações.

Essa dimensões levam-nos à união indissolúvel entre fé e vida!

A festa do padroeiro, ou padroeira, tem que ser um momento de reavivamento da chama da fé, que recebemos no batismo. 

Outro aspecto importante da festa do padroeiro é a comunhão na Igreja: é o encontro dos que vivem a fé católica e não querem viver sozinhos e isolados, mas em comunidade. “Pai que todos sejam um”, é o pedido feito por Jesus.

A festa do padroeiro é um momento de o fiel cristão fortalecer sua participação como leigo na vida da Igreja, tendo seu espaço para se colocar a serviço da comunidade; muitas são as necessidades da comunidade, mas, por outro lado, são muitos os dons e carismas que a comunidade possui e que devem ser colocado a serviço. O leigo (fiel cristão não-clérigo) tem seu lugar garantido na ação evangelizadora da Igreja. Esse espaço não lhe pode negado. É um direito, conforme documentos mais atuais da Igreja.
N. S. do Perpétuo Socorro
Padroeira de Caldeirão Grande-Ba

Dia 18 de julho de 2018, Caldeirão Grande, na Bahia, festeja sua Padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

- Vai ter carreata? Vai ter quermesse? Vai ter barraquinhas? Vai haver muitas flores no altar?
- Vai, sim, Senhor!

Tudo isso é muito lindo e oportuno, mas o essencial é o momento litúrgico.

Na festa da Padroeira o destaque maior tem que ser dado às celebrações: Missa, celebração da Palavra ou para-liturgia. Nossa Senhora protege, intercede e abençoa, mas o que ela quer mesmo de seus devotos é que o “ Jesus de Maria”, seja adorado e glorificado e nós nos tornemos cada vez mais discípulos e missionários dEle. 

Para que isso aconteça, aproveitemos dos momentos da novena para ficarmos bem atentos às pregações e participemos ativamente dos cantos e orações litúrgicos. Depois, vivamos lá fora tudo que aprendemos e testemunhemos o que sentimos e cremos.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

LUZIA FERREIRA GAMA: MEMORIAL AO CELEBRAR OS 100 ANOS DE IDADE

LUZIA FERREIRA GAMA AOS  100 ANOS DE IDADE
Na intensa luz do verão,
À 13 de dezembro, de 1906,
Em terra sergipana,
A sua vida desperta.

O seu nome consagrado,
Pela  santa do seu dia,
Da “ protetora dos olhos”,
No batismo, recebe Luzia!

Vindo para a Bahia,
À Fazenda Barreiras,
Com seus pais, José Marcos
E Dona Joaquina Ferreira..

Cujos filhos, 5 homens e 3 mulheres,
Viveram a sua infância,
Na Fazenda Riacho Fundo,
Depois em Caldeirão do Padre.

            Casou-se no Riacho Fundo,
            Com o moço Serapião,
            Nasceram  onze filhos,
            Da mais bela união.

Esposa e mãe devotada,
Aos cuidados do seu lar,
Gostava de trabalhar roça,
De colher e de plantar!

       Viveram tempos felizes,
       Até que a morte, a separa,
       Do seu esposo querido.
       E mudou-se para a Fazenda Patos,
       Em  Morro do Chapéu, hoje vive.

Dos seus onze amados filhos,
Apenas cinco, estão com vida,
Maria, Joaquina, Josefa,
Judite e o filho, João.
        Soube vencer as barreiras,
        Com determinação e coragem,
         Conquistando um século de vida,
         Bem vividos e abençoado.

 Viu o mundo transformar,
 Com as máquinas e a comunicação,
 Gravando na sua memória,
 O progresso, a evolução.

          Sentiu a trágica guerra,
          Os clamores das secas grandes,
          As façanhas de Lampião,
          Os rumores da política,
          As alegrias do futebol,
          Viu crescer  o município.

De bondade, serviço ao próximo,
E imenso amor a Deus,
Alegria e fé constante,
Que de seus pais, recebeu.

Criativa e inteligente,
Sempre a cuidar da casa,
Fumando o seu velho cachimbo,
Costurou roupas, para todos,
Ainda dedica-se à cozinha,
E a emendar retalhos,
Fazendo lindas cobertas,
E tapetes, para presentear!

Seus filhos, parentes e amigos,
Vêm hoje comemorar,
A festa do seu aniversário,
Celebrando o dom da vida,
Com gratidão, lhe dedicam,
Esta homenagem singela!

Junto aos seus quarenta e quatro netos,
Cento e vinte bisnetos,
Sessenta e nove tetranetos,
E quatorze pentanetos,
Agradecem a Deus, pelos cem anos,
De Luzia – que é luz a iluminar,
A sua quarta, quinta geração,
Com a mais bela e grandiosa lição!                  


Em 13\12\2006

domingo, 3 de junho de 2018

CALDEIRÃO GRANDE-BAHIA E SUAS CURIOSIDADES

Consta que em 1930, os “Revoltosos” passavam em Saúde. O grupo dos Revoltosos era um grupo de homens da Revolução dos Tenentes Ala Norte, comandados por Juarez Távora, para dar combate aos “Legalistas“, comandados por Horácio de Matos.

O fato é que até hoje, em Caldeirão Grande, ainda se comenta sobre o grupo, que naquela época, bastava correr a notícia da presença do mesmo por perto, as pessoas fugiam e escondiam-se no mato, pensando que fossem os Revoltosos ou Lampião. Se desse tempo, mandavam um aviso para os que ainda não sabiam da notícia:

“Fujam e se escondam todos...
Escondam também os animais.
Não é pra criança chorar
Nem cachorro latir
Nem galo cantar,
Nem papagaio falar”.

O primeiro automóvel que entrou na Vila de Saúde e rodou na região, foi um Ford do ano de 1928 de propriedade do Sr. Antônio Miranda em 1930.

Por onde o veículo passava, ficavam todos admirados.
Também nessa época, passou na região o primeiro caminhão vindo de Salvador de Artur Costa Lima. De 1932 a 1940, começaram a trafegar caminhões na Vila de Saúde.

E o primeiro caminhão que entrou em Caldeirão Grande, foi da propriedade de José Cerqueira, trazendo centenas de pessoas às ruas, causando admiração e espanto para alguns.

Em seguida começou a rodar o caminhão, conhecido como MACK, de Edgard Pereira.

O primeiro automóvel de Caldeirão Grande, foi o jipe de cor verde do Sr. Edésio Mota, residindo nesse município. Depois o jipe do Sr. Nascimento, a seguir, outros carros de negociantes que aqui entravam na segunda- feira, o dia da feira livre.

Por volta do ano de 1938, Joaquim Dionísio, filho do velho Dionísio, que costumava trazer novidades de São Paulo, e que já naquela época organizava animadas corridas de cavalo e argolinhas, trouxe um enorme rádio de pilhas, com caixa de madeira e o colocou no seu Bar de Sinuca, na antiga Rua da Matriz. As pessoas pagavam ingresso para ouvir e conhecer o aparelho.

Em 1963, chega o primeiro aparelho de televisão, em Caldeirão Grande, comprado por Valdivino (Neném), em Jacobina, por CR$ 1.200,00 (mil e duzentos cruzeiros) que o instalou no seu Bar Continental, onde as pessoas faziam fila, com ingresso no valor de CR$ 0,50 (cinquenta centavos), para assistir as imagens.

A seguir, Zezito e Agenário, também trouxeram outros televisores para a cidade.

Galdino Ribeiro, do Riacho Bonito, conta que seu tio, Roberto Francisco Pereira, e sua esposa Persília, de Caldeirão Grande, com seu sobrinho Néu, saíram de Pedras Altas, a pé, rumo a São Paulo. Andavam, paravam, arrumavam serviço e continuavam andando. Gastaram oito meses, para chegarem a terra da garoa. Este fato ocorreu no ano de 1944. Sabe-se que o Sr. Roberto, ainda reside na grande São Paulo, sem jamais ter voltado à sua terra natal.

Florência era o nome de Dona Loura, filha de Petronília e Euzébio Bezerra, primeira esposa de Manoel Quirino. Ela estava para dar a luz necessitando de cuidados médicos. O Dr. Antônio Ramalho veio de Senhor do Bonfim a Saúde de trem, e a cavalo para Caldeirão Grande, a fim de fazer o parto, porém, não conseguiu salvar a criança.

No ano de 1947 aconteceu a maior epidemia de malária ou impaludismo, também chamado de sezão, foi tão grande o número de mortes, nas localidades carentes da zona rural, que conduziam o defunto, apenas numa rede, para enterrá-lo, logo em seguida, voltavam com outro, mais outro defunto, na mesma rede, e assim sucessivamente.

Na década de 30 e anos seguintes, existiu a injeção “914”, o único recurso, para combater a febre tifo, que o doente ao tomá-la, corria risco de morrer ou salvar-se.

Do tronco do Juazeiro ou pau de rato, após queimado, colocava-se as cinzas umedecidas numa lata, a seguir coavam e obtinham um produto, tipo soda cáustica, que os mais antigos usavam para fazer o sabão.

A Laje do Bró ficou conhecida, por ser um dos locais, onde o Bró após extraído do tronco do ouricurizeiro, chegava em jegues carregados, como feixes de cana. As pessoas batiam na pedra, até transformá-lo em uma massa, que usavam para fazer cuscuz ou de outras formas, até mesmo usado como único alimento, no período das secas. “Ficar para comer bró ou morrer”

O Riacho da Água Branca nascia na Serra do Papagaio (Saúde), corria por entre as serras, atravessava as caatingas, passava por onde é o atual Açude de Caldeirão Grande, corria pelas terras do povoado de Água Branca e ia desaguar do Rio Itapicuru-Açu. Esse riacho de águas cristalinas secou e a ação dos ventos encheu seu antigo leito de areia. A Fazenda Água Branca e o povoado, conservam o nome do riacho desaparecido.

O período mais prolongado de estiagem, registrado no município de Caldeirão Grande, foi de 1993, que teve a duração de um ano e quatro meses sem chover.

Dona Xixi foi parteira na Fazenda Várzea Nova. Além da sua devotada função, possuía o dom de amansar qualquer animal feroz. Bastava impor as mãos e dizer: Afasta... Afasta... Que a vaca, o boi, o bicho bravo, se tornava bem manso.

A bisavó paterna da Prof.ª Glória Guirra, Dona Ermelina, teve 22 filhos. Certa vez, sua filha Benvina, insinuou para ela, dizendo:
- Ora, minha mãe, a senhora devia ter completado os 24 filhos. E sua mãe lhe respondeu:
- Isso fica para você...

E não é que Dona Benvina, casou-se e teve os 24 filhos?

Teve gente que ampliou mais ainda a sua prole:

Dona Otacília, mãe da Madalena da Fazenda Santa Maria, teve 25 filhos.
Dona Regina, de Seu João do Quebra-Queixo, teve25 filhos.
Dona Antônia, bisavó de Solange de Chiquinho, também teve 25 filhos.

O latim não desapareceu como muitos pensam. Existe na região de Caldeirão Grande, um grupo de mulheres o qual forma um belo coral, que cantam em latim “as excelências” encomendação ao defunto. Estas rezadoras estão sempre prontas para o eventual chamado. São as seguintes senhoras:

Dona Donata, Dona Beta e Dona Antônia que gosta de jogar dominó e sinuca, de caçar, pescar e ela é pra tudo, assim diz seus amigos. Todas residentes da Fazenda Umburanas.
Dona Ester ex-professora leiga que reside na Fazenda Caiçara.
Dona Deline, muito disposta moradora da Serra do Imbé.

O fato é que se não rezarem tudo certinho o defunto não aceita, ou seja a sua alma não fica encomendada. A solução é começar tudo novamente.

Quanto ao cinema em Caldeirão Grande, as pessoas aguardavam com ansiedade pelo dia da segunda-feira, quando o Seu Balbino e irmãos, que negociavam com tecidos e confecções, após a feira, com seu projetor, passava filmes para uma grande plateia.

O cinema funcionava no salão de depósito de compra e venda de produtos da região de Edgard Pereira e de Alexandre Bezerra, que ficava sempre lotado. Se sentavam sobre os sacos de licuri e de mamona. A maioria que não quisesse permanecer de pé, levava cada qual a sua cadeira, banco ou tamborete, ás vezes na cabeça, pois o que não queriam mesmo era perder nenhuma sessão naquela época, quando mais que uma diversão era a grande atração para o público, filmes como: Tarzan-o rei das selvas, Jerônimo - o herói do sertão, Marcelino, pão e vinho, O Manto Sagrado etc.

Na década de 50/60, as programações musicais eram realizadas através da radiola de manivela ou de corda, depois vieram as que funcionavam com a bateria de caminhão (acumulador) que eram recarregadas em um gerador. Assim era transmitido para os serviços de alto-falantes, quando não havia luz elétrica. Quando a música começava a arrastar, era preciso dar corda, se lembra Nadinho que fez muito esse serviço, no Bar Imperial de Pedro Araújo (Pedro do Xanda) Quando a bateria descarregava, a festa acabava. Da mesma forma acontecia no Elite – Bar situado no Beco do Eucalipto de José Alves Brasileiro (Zezito).

Florêncio Pereira era uma pessoa alegre, bem humorado e gentil marchante, conhecido de todos, assim como Seu Esaú, Seu Amâncio e outros. Era filho de João Bento e Dona Martinha (parteira) exercia outras atividades, como lavrador, gostava de caçar e de pescar.

Era no seu bar situado na Rua do Namoro onde se juntava o grupo de boêmios da época. Manoel Cajazeira, Louro Malaquias, Valdir, Piuca, Amorzinho, Bimba, Seu Egídio, Seu Diga entre outros, que cantavam boleros, dançavam, sambavam, sapateavam ao som de viola, cavaquinho, sanfona e muitas vezes chegava lá uma banda de pífaros. Não podia faltar uma boa pinga e raiz nesse local onde negociavam cavalos e animais de raça, organizavam festas de argolinha e de reisado; ouvia-se também muitas piadas e anedotas.

O “Guará" já citado, também conhecido por Velho Alto, (por ser bem baixinho) era um bom funileiro, fazia vários serviços, como foles para acender fogo ou esquentar o ferro de passar, ferraduras de animal. Certa vez, ele se dirigiu à venda que ficava em frente ao local do atual Mercado Municipal, cujo dono era Seu Zé Pedro, (Zé Priquitinho) e lhe perguntou:

- Tem prego ?
- Não! Respondeu Seu Zé Pedro.
Passado uma semana, o comerciante encontrou com o Velho Alto na feira e foi logo lhe dizendo:
Velho Alto! Os pregos chegaram!
E este, lhe respondeu num só grito:
- Não tô lhe perguntando.

domingo, 20 de maio de 2018

HISTÓRIA DO PRIMEIRO PAU DE ARARA DE CALDEIRÃO GRANDE A SÃO PAULO


Era o ano de 1947, o jovem Didi, vivendo em plena juventude de rapaz solteiro, aos 23 anos de idade, tendo trabalhado com muita determinação e coragem, nos últimos cinco anos, dedicando-se ao comércio, juntou uma boa quantidade em dinheiro e resolveu viajar para São Paulo, sabendo notícias que lá na cidade grande, era bem mais fácil arrumar um bom emprego e conseguir uma vida melhor.

Assim, no dia 10 de fevereiro de1947, chegou em Caldeirão Grande, o caminhão Mercedes do estado da Paraíba, sendo proprietário o Sr. José Resende, (Zé Padre) que viveu e residiu à Rua da Matriz com sua família.

Esta seria a primeira viagem de pau-de-arara com destino a São Paulo e a lotação já estava completa por oito pessoas de Caldeirão Grande: Pulu, barbeiro do Jenipapo, Leôncio, Rosalvo, dois filhos de Antônio Luís, Chiquinho da Tia Tina, Didi e Josias, seu cunhado.

Os outros eram 37 nortistas da Paraíba e de Pernambuco. O motorista era também Paraibano. Ao todo, embarcaram 45 homens. Não imaginavam do drama que estava pra acontecer.

A partida então foi um verdadeiro clamor. Todos vieram assistir o triste adeus. Os amigos, conhecidos, parente, esposas, filhos, despediam-se chorando, abraçavam-se e entregavam algumas coisas pequenas, como medalhas para dar sorte, o rango para os primeiros dias de viagem, não podia faltar.

Lá se foram pela estrada Rio Bahia, que se achava em construção e muito acidentada, devido as obras, os caminhos vicinais péssimos, eram tantos os desvios, ficando perdidos, algumas vezes. Outras até, era necessário desmatar algum trecho a fim de dar passagem ao caminhão, que já enguiçava muito, ficando dias, parado no conserto, ou por falta de combustível, outras vezes, atolado. O pau- de-arara na situação que se encontrava não dava mais para rodar e não havia mais dinheiro para consertar.

Os dias se passavam e, com muito sacrifício, chegaram até Vitória da Conquista onde abandonaram o caminhão quebrado, porém, mais lamentável era a situação dos passageiros, muitos deles, já passando por privações do alimento, do remédio, o desconforto da viagem... Assim, em meio a tantas dificuldades, seguiram até Montes Claros. O dono do velho carro Mercedes, por demais cansado e desanimado, tomou a decisão de passar um telegrama para sua terra, pedindo recursos para o conserto do carro. Os passageiros, sem esperança, sem condições, não podiam mais esperar e, nessa situação penosa, tiveram que se separar na estação ferroviária de Montes Claros-MG, sem saber qual seria o destino dos companheiros de viagem da Paraíba e de Pernambuco. O sonho da viagem do pau-de-arara, termina por aí. Porém a sorte dos passageiros de Caldeirão Grande foi diferente. O Sr. Didi, que havia levado CR$ 3.500,00 (três mil e quinhentos cruzeiros), apesar dos gastos, ainda sobrava um pouco. Reuniram-se todos eles e juntaram as economias que restava de cada um para comprar as passagens de trem.

E foi assim, a troco de muita maçada de sacrifício e espera, que conseguiram as oito passagens de primeira classe até São Paulo, sendo que esperaram cinco dias na fila da estação.

Finalmente, o destino da viagem estava chegando... Após vinte e dois dias, não viam o momento de conhecer São Paulo, suas fábricas, seus edifícios, o movimento das ruas, o bonde. Como seria a terra da garoa? Pensavam assustados, já pisando as terras paulistas em três de Março de 1947.

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terça-feira, 15 de maio de 2018

SEDE DE DEUS


Eu busco saciar a sede
Do coração que me abrasa
Na mais ardente chama
Do amor de Deus na minh’alma!

Eu busco saciar a sede
Nas claras fontes da VIDA,
N’água que alivia as dores,
Cura as chagas e as feridas.

Eu tenho sede na minha alma
Da Luz verdadeira e da viva crença,
Do Senhor dos mundos, do Senhor da VIDA!
Do Jesus vivo e triunfante!

Senhor, eis-me aqui
Ao teu lado suplicante;
Dá-me de beber da tua fonte.

Marinalva Bezerra Santana

segunda-feira, 14 de maio de 2018

DIA ESPECIAL: Feira em Caldeirão Grande

 A feira de Caldeirão
Sempre foi destaque
Tendo o início marcado
Debaixo de uma baraúna
Onde se comprava e vendia
Carnes de criação e de gado.

Na antiga Praça Velha,
Hoje, Euzébio Bezerra,
Surgindo as primeiras barracas
De arroz-doce e brevidades.


Aparecendo os cereais,
O café, o açúcar,
A farinha, o arroz,
O feijão e o fubá.

Bolo de puba, bolo de milho,
Mingau e muito beiju
Doce de leite e sequilhos
Cocada de ouricuri.

Os primeiros compradores
Vinham de Saúde, vizinha
Levando ouricuri, mamona,
Requeijão, ovos e galinha.
v A feira ficou conhecida,
No povoado e arredores.
Por ser também dia de missa
Com a presença do vigário.

Que visitava a freguesia
Na capela pequenina,
Da Senhora Conceição
Onde se ergueu a Matriz.

Uma feira de cada mês
Era muito especial
Roupa nova, gente arrumada
Não existia dia igual.

O preço do ouricuri,
A conversa com o mascate.
Uma carta do correio,
Encontrar o namorado.

E foi crescendo,
A feira de segunda-feira.
Às dez horas da manhã
Tocava o sino da igreja

Era grande o movimento
De todos que chegavam
A pé ou a cavalo
Com carregados fardos
Num acompanhamento
De casamento e batizado.

Durante muitos anos
Aconteceu assim:
Ser presença à missa
Estar presente à feira
Afinal, era preciso
No dia de segunda-feira.

(Ver Feira da Segunda Feira em Vida, Perfil e Terra)

domingo, 13 de maio de 2018

S E R M Ã E


Ser mãe é determinar
Uma ponte de amor,
Entre o universo
E humanidade;

Gerar um filho,
Significa criar laços
De amor, carinho e proteção,
Que vão enlaçando,
Que vão prendendo,
Sutilmente...
Os seres criados!

A família, assim como a árvore,
Cresce, mostrando
O seus disformes galhos,
Para todos os lados;

Ser mãe é ser como árvore,
Capaz de produzir
A seiva fecunda
De amor...
Para alimentar,
Para fortalecer,
Para aquecer,
Para proteger,
Os seus diferentes
E amados frutos!
Marinalva Bezerra Santana

sexta-feira, 11 de maio de 2018

R E C O R D A N D O

Mensagem da Prof.ª Alaíde, pelo 25º aniversário de Magistério, escrita para o “Jornal Conhecer” em novembro de1975.

Prof.ª Alaíde 

Saudade... Defini-la quem pode? Vai bem distante o dia feliz em que tive a ventura de ser admitida como aluna no ambiente sagrado do Educandário Nossa Senhora do Sacramento, da cidade de Senhor do Bonfim. Foram dias de felicidade, paz, amor e estudo. Os sábios ensinamentos ali recebidos permanentemente ficam guardados no meu coração. Com especial carinho, lembro hoje o dia 29 de Novembro de 1950, dia em que me tornei mestra partindo de lá, com um mundo de ilusões na alma cheia de vida, ansiosa pelo momento de pôr em prática, na realização do meu trabalho de professora, tudo que de bom, me foi dado pelas Irmãs Sacramentinas.


Se eu pudesse retroceder a máquina do tempo e fizesse do passado um vivo presente! De tudo tenho saudade: Mestras... Irmã Angelita, colegas, Lizinha, Elizabete Andrade, círculos de ação católica. Vamos Marieta? Aulas... História Geral, Irmã Sacramento... Padre Pereira. A Capela onde achei paz, consolo nas horas de aflição...

Após 25 anos, minha alma ainda transborda de gratidão pelo Colégio amado, templo bendito de paz, de amor, fonte de vida para o espírito e o intelecto... Lembrança querida dos meus dias de jovem, recordação feliz que ainda hoje faz eco no meu coração. “Após 25 anos, eu ainda te dou ADEUS...”.

terça-feira, 8 de maio de 2018

CALDEIRÃO GRANDE E SUAS DIVERSÕES DESDE OS TEMPOS PASSADOS


As informações que temos dos mais antigos, são de que em tempos remotos, as diversões eram ligadas aos acontecimentos familiares, ao trabalho, às atividades da vida rural em que viviam.           A exemplo os nascimentos, os batizados, os casamentos, as festas religiosas e as comemorações dos santos, as Santas Missões, o dia de missa e o dia de feira, eram considerados dias especiais, de grande significado para as pessoas pelo prazer de encontrarem-se.

No trabalho, desde o plantio à colheita, eram feitos em grupos com muita cantoria, assim como os batalhões por ocasião do plantio e colheita do feijão, da mamona, do milho e da quebra do licuri.Tudo havia o lado divertido, com batuque sapateado e muita comida.

As famílias antigas costumavam possuir um espaço junto às suas residências, destinado a realização das festas. Moças e rapazes da época organizavam passeios, feijoadas trajando fantasias, roupas e chapéus coloridos, assim comenta com saudades, minha mãe Maria Izabel, residente em Senhor do Bonfim, recordando de uma animada feijoada organizada por Dona Bete, com a moçada do lugar e da vizinhança, na casa de Euzébio Dias Bezerra. Costumavam reunir-se à sombra das árvores, cantavam, dançavam ao som de violão e sanfona como aconteceu inúmeras vezes em frente da casa de Dona Marcelina do Sr. Manoel Luis Correia, no alto da Lagoa, embaixo dos umbuzeiros.

Sabe-se que as Festas de Argolinha são as mais antigas, bem como as corridas de cavalo, que aconteciam com certa frequência.

Interessante é que quando crianças, às tardes do domingo, nos divertíamos muito fazendo a imitação dessas festas, como os tradicionais guisados, e as corridas de cavalos de pau, em que a torcida do azul e do vermelho, vibrava pela respectiva rainha que conseguisse mais votos e pelo lado vencedor.

Os reisados, os ternos, os dramas, as quadrilhas, as festas de vaqueiro e de caçadores, também eram freqüentes.

Nas noites enluaradas cantavam e dançavam rodas. A criançada e todos se encantavam, ouvindo emocionantes histórias contadas pelos mais velhos.

Muitas festas comemorativas, os tradicionais bailes e carnavais, aconteceram no Prédio Rural, também no salão de Zequinha Bezerra, no local onde é o atual Banco do Brasil e outros. A maioria delas animadas pelo Conjunto musical de saxofone do inesquecível Teté e do Sr. Alexandre, famoso na região.

Consideradas festas da sociedade caldeirãograndense ou festas de família, como se chamava, não era permitido a entrada de desconhecidos nem de moças e rapazes de menor idade ou de cor. Em geral os jovens tinham seus acompanhantes ou responsáveis. Havia ainda uma rigorosa seleção, que hoje chamaríamos de discriminação e preconceito entre as pessoas, pelo fato de que moças “faladas” namoradeiras, e que não tivessem boa apresentação,jamais frequentavam esses locais. Durante os eventos, as mulheres não ingeriam bebidas alcoólicas. Era comum naquela época tomar um delicioso chocolate, refresco de maracujá, mingaus, doces, bolos etc. Os homens bebiam discretamente nos reservados, vinho, conhaque, aguardente e outras bebidas. Por esses tempos, algumas famílias costumavam desentenderem-se por não aceitarem o namoro e união de seus filhos, quando não fosse da escolha e do gosto dos respectivos pais. Acontecia então que os jovens apaixonados, geralmente casavam as escondidas ou fugiam, permanecendo por muito tempo, sem dar notícias.

Um fator que também separava as pessoas nas festas e comemorações naquela época, era a constante rivalidade política partidária, que havia no lugar.
...

Com o passar do tempo, moças e rapazes se divertiam nos “assustados" que eram festinhas relâmpago, de radiola, organizadas nas residências, sobretudo em tempo de férias. Foram abertas também "tardes e manhãs dançantes”, para a juventude em geral. Os bares e boates ganharam movimento e freqüência de todos, com animadas e inesquecíveis festas que marcaram a época em Caldeirão Grande.


Bar Imperial – atual Supermercado do Pirinho
Bar e Boate João Ribeiro – no atual Largo João Ribeiro
Bar Continental de Valdivino (Nenen)
Bar do Pedrão – atual Casa Lotérica
Bar do Detinho Cerqueira
Elite Bar - Bar do Zezito
Katim Bar.

MEMÓRIAS/Marinalva Bezerra Santana

segunda-feira, 7 de maio de 2018

CALDEIRÃO GRANDE: AGRICULTURA, PECUÁRIA E COMÉRCIO


O ouricuri, a mamona, o sisal representam uma marca significante na história da economia do município de Caldeirão Grande, seguindo o feijão, a mandioca, o milho, a batata doce, banana, aipim...

O OURICURI- Fruto nativo que vem atravessando séculos e gerações, considerado o meio de sustento para grande parte das pessoas, aumento na renda de alguém ou como único meio de sobrevivência para famílias inteiras sem emprego ou função.

A MAMONA- Teve sua fase de grande safra no passado, levada para outras regiões através de vários compradores desse produto. Ao longo do tempo nada foi feito e nada se investiu no beneficiamento local desses produtos.

O SISAL- Foi grande a produção de sisal no município. Na época se via grandes extensões de terra com o plantio de sisal. Os principais produtores foram: Edgard Pereira, Pedro Bezerra Filho, Manoel Enedino Gama, Djalma Nascimento, José Alves Bezerra e Nelson Santana.

No cultivo e processo de transformação das fibras até o beneficiamento final, trabalharam muitas pessoas, constituindo na época, meio de sobrevivência dessas pessoas. O trabalho das pessoas que faziam o beneficiamento das fibras, conhecidos vulgarmente pela alcunha de “piolho de motor”, constituía no mais perigoso, pois estavam constantemente expostos a sofrerem graves acidentes, como ocorreu com vários trabalhadores que tiveram dedos, mãos e até braços mutilados no serviço, pois trabalhavam sem proteção alguma e com equipamentos que facilmente ofereciam esses riscos de acidentes.

O sisal que chegou a ser exportado também teve sua fase de auge, porém passou, a exemplo dos outros produtos citados; não houve nenhum interesse no seu melhoramento; nenhuma oficina para o aproveitamento em confecção de peças artesanais que o sisal proporciona entre outras utilidades.

A MANDIOCA- É bastante expressiva a cultura da mandioca no município. Várias casas de farinha trabalham o produto na transformação das raízes em farinha, tapioca e beijus, onde são comercializados nas feiras livres de toda região. Porém os produtores vivem na expectativa de obterem financiamentos e apoio para novos investimentos.

PECUARIA - Em Caldeirão Grande, se desenvolve a criação de bovinos, caprinos, suínos, equinos e asininos. Existe também a atividade de pesca nos açudes e lagoas, criação de galinhas e se pratica a apicultura.

Os produtos tais como carnes, queijo, requeijão, manteiga, milho, feijão, farinha de mandioca, rapadura, frutas, frangos, ovos, mel de abelha, óleo de licuri, balaios, cestas, esteiras, chapéus de palha, vassouras, bolsas, bocapios, panelas de barro, moringas, acessórios de couro para arreio animais e outros são comercializados na feira livre do município e comércio local.

A CASA DO MEL


Várias pessoas vêm desenvolvendo a atividade de produção de mel de abelhas, tornando com isso, o município, grande produtor. Atualmente, Caldeirão Grande, possui a Casa do Mel, projeto do Governo do Estado conjuntamente com a Prefeitura Municipal através da Secretaria de Agricultura, inaugurada em 24 de março de 2007, na administração do Prefeito João Gama Neto. 

Para esse local o mel é trazido em caixas pelos apicultores, de onde são extraídos e submetidos ao processo de beneficiamento feito por modernos equipamentos, ficando pronto para o consumo e exportação. Essa atividade tem gerado emprego e renda para várias pessoas no município. MEMÓRIAS/Marinalva Bezerra Santana

sábado, 5 de maio de 2018

CALDEIRÃO GRANDE-BA: DO CARRO DE BOI AOS MODERNOS MEIOS DE TRANSPORTE


Desde os tempos mais remotos, os transportes eram exclusivamente feito por animais domesticados (bois, cavalos, mulas, jumentos), que transportavam cargas e pessoas pelas veredas ou picadas e, mais tarde, por caminhos estreitos. 
Em 1841, o carro de boi começou a rodar entre as propriedades rurais do arraial de Caldeirão Grande para outros lugarejos. Em 1911, a Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, inaugurava o trecho da estrada de ferro entre Saúde e Senhor do Bonfim. Os trens transportavam cargas e passageiros. A seguir, essa linha estendeu- se até Barra do Mundo Novo. O transporte ferroviário foi um fator decisivo para a integração e desenvolvimento de toda região.

Em Caldeirão Grande, foram muito utilizadas as tropas de animais e carros de boi para o transporte de produtos e mercadorias entre as localidades e cidades vizinhas. 

Durante muitos anos as pessoas viajavam a pé, a cavalo, de burro e jegue para todos os lugares; chegando a cidade Saúde, embarcavam no trem pela estrada de ferro para outros lugares.
De 1913 a 1915, foram abertas estradas carroçáveis entre o arraial de Nossa Senhora da Saúde e as localidades de Caldeirão Grande, Jenipapo, Caém, Itapicuru e Campo do Meio. A estrada para a mina de ouro da Serra da Maravilha foi construída às expensas dos mineradores.
Em 1924, o terceiro intendente de Saúde (espécie de prefeito), Major Ajérico Morais, amigo do Coronel Galdino Cezar Morais, prefeito de Jacobina, com o seu apoio, abriu estradas para Pindobaçu, Campo do Meio e Caldeirão Grande. A partir de 1968, o Governo Federal decretou a desativação de centenas de trechos ferroviários deficitários. O trecho entre Senhor do Bonfim a Iaçu, foi desativado causando grandes prejuízos a toda região. MEMÓRIAS/Marinalva Bezerra Santana.
Hoje, Caldeirão Grande é servida pelos meios de transportes rodoviários mais modernos e o asfalto,  através de BA-375, liga  a cidade à BR-407 e  à BA-131.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

A ILUMINAÇÃO EM CALDEIRÃO GRANDE DO FIFÓ À “LUZ DE PAULO AFONSO”


Assim como os meios de transporte e da comunicação, a iluminação também teve a sua fase mais rudimentar.
Desde as fogueiras que acendiam para clarear as noites muito escuras, para dar avisos ou para afugentar animais perigosos.
Os candeeiros ou fifós foram muito utilizados na iluminação das residências, mantidos a querosene que, na falta desse, os mais antigos usavam a criatividade queimando tiras de pano passadas na cera de abelha, que produziam uma chama, ou ainda utilizavam lamparinas alimentadas com óleo de mamona e até mesmo a própria semente da mamona.


As velas ficavam reservadas para momentos especiais, como rezas, novenas, comemorações, velórios etc.
Antes do ano de 1971, a iluminação pública de Caldeirão Grande era feita através de um motor movido a óleo diesel acoplado a um gerador. Esse sistema fornecia energia para toda cidade, porém só funcionava à noite, a partir das 18 horas e era desligado às 22 horas.

A partir daí, foi inaugurado o novo sistema de fornecimento da tão sonhada energia elétrica de Paulo Afonso produzida pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF). MEMÓRIAS/Marinalva Bezerra Santana