As informações que temos dos mais antigos, são de que em tempos remotos, as diversões eram ligadas aos acontecimentos familiares, ao trabalho, às atividades da vida rural em que viviam. A exemplo os nascimentos, os batizados, os casamentos, as festas religiosas e as comemorações dos santos, as Santas Missões, o dia de missa e o dia de feira, eram considerados dias especiais, de grande significado para as pessoas pelo prazer de encontrarem-se.
No trabalho, desde o plantio à colheita, eram feitos em grupos com muita cantoria, assim como os batalhões por ocasião do plantio e colheita do feijão, da mamona, do milho e da quebra do licuri.Tudo havia o lado divertido, com batuque sapateado e muita comida.
As famílias antigas costumavam possuir um espaço junto às suas residências, destinado a realização das festas. Moças e rapazes da época organizavam passeios, feijoadas trajando fantasias, roupas e chapéus coloridos, assim comenta com saudades, minha mãe Maria Izabel, residente em Senhor do Bonfim, recordando de uma animada feijoada organizada por Dona Bete, com a moçada do lugar e da vizinhança, na casa de Euzébio Dias Bezerra. Costumavam reunir-se à sombra das árvores, cantavam, dançavam ao som de violão e sanfona como aconteceu inúmeras vezes em frente da casa de Dona Marcelina do Sr. Manoel Luis Correia, no alto da Lagoa, embaixo dos umbuzeiros.
Sabe-se que as Festas de Argolinha são as mais antigas, bem como as corridas de cavalo, que aconteciam com certa frequência.
Interessante é que quando crianças, às tardes do domingo, nos divertíamos muito fazendo a imitação dessas festas, como os tradicionais guisados, e as corridas de cavalos de pau, em que a torcida do azul e do vermelho, vibrava pela respectiva rainha que conseguisse mais votos e pelo lado vencedor.
Os reisados, os ternos, os dramas, as quadrilhas, as festas de vaqueiro e de caçadores, também eram freqüentes.
Nas noites enluaradas cantavam e dançavam rodas. A criançada e todos se encantavam, ouvindo emocionantes histórias contadas pelos mais velhos.
Muitas festas comemorativas, os tradicionais bailes e carnavais, aconteceram no Prédio Rural, também no salão de Zequinha Bezerra, no local onde é o atual Banco do Brasil e outros. A maioria delas animadas pelo Conjunto musical de saxofone do inesquecível Teté e do Sr. Alexandre, famoso na região.
Consideradas festas da sociedade caldeirãograndense ou festas de família, como se chamava, não era permitido a entrada de desconhecidos nem de moças e rapazes de menor idade ou de cor. Em geral os jovens tinham seus acompanhantes ou responsáveis. Havia ainda uma rigorosa seleção, que hoje chamaríamos de discriminação e preconceito entre as pessoas, pelo fato de que moças “faladas” namoradeiras, e que não tivessem boa apresentação,jamais frequentavam esses locais. Durante os eventos, as mulheres não ingeriam bebidas alcoólicas. Era comum naquela época tomar um delicioso chocolate, refresco de maracujá, mingaus, doces, bolos etc. Os homens bebiam discretamente nos reservados, vinho, conhaque, aguardente e outras bebidas. Por esses tempos, algumas famílias costumavam desentenderem-se por não aceitarem o namoro e união de seus filhos, quando não fosse da escolha e do gosto dos respectivos pais. Acontecia então que os jovens apaixonados, geralmente casavam as escondidas ou fugiam, permanecendo por muito tempo, sem dar notícias.
Um fator que também separava as pessoas nas festas e comemorações naquela época, era a constante rivalidade política partidária, que havia no lugar.
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Com o passar do tempo, moças e rapazes se divertiam nos “assustados" que eram festinhas relâmpago, de radiola, organizadas nas residências, sobretudo em tempo de férias. Foram abertas também "tardes e manhãs dançantes”, para a juventude em geral. Os bares e boates ganharam movimento e freqüência de todos, com animadas e inesquecíveis festas que marcaram a época em Caldeirão Grande.
Bar Imperial – atual Supermercado do Pirinho
Bar e Boate João Ribeiro – no atual Largo João Ribeiro
Bar Continental de Valdivino (Nenen)
Bar do Pedrão – atual Casa Lotérica
Bar do Detinho Cerqueira
Elite Bar - Bar do Zezito
Katim Bar.
MEMÓRIAS/Marinalva Bezerra Santana
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